segunda-feira, 16 de agosto de 2010

A lógica da punição

Na semana passada a polêmica do projeto de lei que proíbe a famosa palmada gerou diversas opiniões contrárias, principalmente dos adeptos da tal "palmada educativa". Teve gente que foi além e levantou uma questão importante sobre a intervenção pública na vida privada e educação dos filhos.
Acredito que nunca foi tão difícil educar crianças como está se apresentando a questão atualmente. Bullying e agressões contra colegas e professores vindo de crianças de 8 anos nunca vendeu tanto jornal.
Nunca se falou tanto em limite quanto hoje. E nunca se soube tão pouco a respeito do conceito. Muitos pais acreditam que impor limites aos seus filhos significa proibi-los de fazer algo ou puni-los quando não agem de acordo com as regras. Mas o conceito vai muito além disso.
Impor limites é, acima de tudo, mostrar um amor consciente. Ensinar as crianças que todos os nossos atos têm consequências e que nem tudo o que desejamos é possível ser realizado imediatamente. Educação exige firmeza equilíbrio e os pais precisam passar aos seus filhos, porque isso os ajuda no seu desenvolvimento psicológico.
É ai que entra a lógica às avessas da palmada. Os pais usam a palmada quando outras tentativas já falharam. Mostram aos seus filhos que, quando não conseguirem resolver seus conflitos, eles podem se utilizar da "palmada". E aceitável usar agressão para solucionar problemas! E por que? Porque os pais utilizam!
Os pais são os modelos nos quais as crianças se espelham para desenvolver seus valores e por isso precisam ter consciência dos seus atos e que eles vão influenciar o desenvolvimento dos filhos.
Acredito que, embora o projeto de lei tenha boas intenções, não servirá aos seus propósitos de auxiliar os pais na educação de seus filhos, uma vez que estipula a punição, mas não os ensina a maneira mais adequada de educar.
É preciso bom senso e muita reflexão. Educar uma criança é dar subsídios para que no futuro ela possa resolver seus conflitos sozinha e de forma satisfatória. Que grande responsabilidade essa, hein?

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