sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Oração do Psicólogo


Senhor,
Só Você conhece em profundidade a criatura humana
Só Você é verdadeiro psicólogo.
Contudo, Senhor, aceite-me como seu ajudante.
Ensine-me as técnicas, oriente-me para não errar,
E quando eu falhar - sei que isso acontecerá -venha depressa, Senhor, sanar o mal que fiz.
Dê-me um entranhado amor e respeito
pela criatura humana.
Não permite que a rotina, o cansaço
torne-me frio e indiferente ao outro.
Dê-me bastante humildade para aceitar meus erros,
perdoa as ofensas e ajuda-me a
atribuir os êxitos a Você.
Que no fim de cada dia, ao fazer minha revisão,
eu possa dizer em verdade:
Hoje fiz tudo quando dependeu de mim para
ajudar ao meu irmão.
Obrigado, Senhor!
27 de agosto - Dia dos Psicólogos -

27 de Agosto - Dia do Psicólogo


Hoje é dia do Psicólogo.
Dia do profissional que lida com as emoções, que questiona, que posiciona, que reflete.
E somos muitos e somos vários e somos diversos.
Estamos nas empresas, nos postos de saúde, nos centros de atenção, nos hospitais, nas delegacias, nas Ongs e onde mais tivermos espaços estamos a ocupar. E mesmo onde não temos espaço, lá estamos nós nos enfiando e deixando nossa marca.
Para aqueles que pensam que a profissão é um mar de rosas, meus amigos, ledo engano!
Somos chamados a responder quando ninguém mais responde. Infelizmente ainda é assim! Poucos são os que nos pensam como medida protetiva e preventiva.
E lutamos e brigamos e nos descabelamos para encontrar nosso lugar.
E que lugar é esse?
Às vezes um lugar de pouca valorização, de pouca remuneração, de poucas condições.
E quem somos nós?
Para muitos, ainda somos aqueles que trabalham com a loucura, com o problema, com a incógnita.
Mas isso muda, um dia muda.
Um dia seremos reconhecidos por nossos esforços e não por nossa teimosia!
Parabéns aos colegas que apesar dos pesares seguem lutando, seguem realizando a doce tarefa de retransformar sofrimentos, de recolocar as emoções nos seus lugares.

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Semana Estadual dos Direitos da Pessoa com Deficiência




Esse final de semana aconteceu uma situação que me fez refletir sobre a importância da promoção de eventos relevantes.

Estive a passeio na Usina do Gasômetro em Porto Alegre e qual foi minha surpresa ao perceber que estava acontecendo um evento. Neste evento, um palco, onde pessoas se apresentavam, música alta ecoava e diversos "estandes" improvisados estavam distribuídos na frente da usina.

A pessoa que estava comigo perguntou-me se eu sabia sobre o evento e eu realmente não tinha idéia do que se tratava.

Para minha surpresa (que trabalho numa Ong que defende os direitos das pessoas portadoras de necessidades especiais), o evento em questão se tratava da "Semana Estadual do Direitos da Pessoa com Deficiência".

Posso estar enganada, mas nenhum jornal de circulação essa semana fez menção de destaque a este acontecimento.
Digo acontecimento porque é uma forma de trazer à sociedade a realidade sobre as pessoas que possuem alguma necessidade especial (seja ela física ou mental). É um espaço para poder mostrar (como diz o lema deste ano) que "Somos iguais nas diferenças" e que apesar das dificuldades, ainda há força para lutar por melhores condições.

Fico decepcionada quando vejo que eventos não tão impactantes são amplamente divulgados em todos os meios de comunicação e que movimentos como este fiquem à sorte de quem os encontra assim como eu, por acaso.

Aqui no Rio Grande do Sul, os eventos começaram no dia 21/08/2010 e vão até o próximo domingo, dia 29/08/2010. São debates, apresentações, discussões e relato de vivências dessas pessoas que muitas vezes são esquecidas pela sociedade.
Quem tiver oportunidade, vale muito a pena conferir. Certamente poderá fazer uma boa reflexão a respeito da sua própria vida e valorizá-la ainda mais.

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

A lógica da punição

Na semana passada a polêmica do projeto de lei que proíbe a famosa palmada gerou diversas opiniões contrárias, principalmente dos adeptos da tal "palmada educativa". Teve gente que foi além e levantou uma questão importante sobre a intervenção pública na vida privada e educação dos filhos.
Acredito que nunca foi tão difícil educar crianças como está se apresentando a questão atualmente. Bullying e agressões contra colegas e professores vindo de crianças de 8 anos nunca vendeu tanto jornal.
Nunca se falou tanto em limite quanto hoje. E nunca se soube tão pouco a respeito do conceito. Muitos pais acreditam que impor limites aos seus filhos significa proibi-los de fazer algo ou puni-los quando não agem de acordo com as regras. Mas o conceito vai muito além disso.
Impor limites é, acima de tudo, mostrar um amor consciente. Ensinar as crianças que todos os nossos atos têm consequências e que nem tudo o que desejamos é possível ser realizado imediatamente. Educação exige firmeza equilíbrio e os pais precisam passar aos seus filhos, porque isso os ajuda no seu desenvolvimento psicológico.
É ai que entra a lógica às avessas da palmada. Os pais usam a palmada quando outras tentativas já falharam. Mostram aos seus filhos que, quando não conseguirem resolver seus conflitos, eles podem se utilizar da "palmada". E aceitável usar agressão para solucionar problemas! E por que? Porque os pais utilizam!
Os pais são os modelos nos quais as crianças se espelham para desenvolver seus valores e por isso precisam ter consciência dos seus atos e que eles vão influenciar o desenvolvimento dos filhos.
Acredito que, embora o projeto de lei tenha boas intenções, não servirá aos seus propósitos de auxiliar os pais na educação de seus filhos, uma vez que estipula a punição, mas não os ensina a maneira mais adequada de educar.
É preciso bom senso e muita reflexão. Educar uma criança é dar subsídios para que no futuro ela possa resolver seus conflitos sozinha e de forma satisfatória. Que grande responsabilidade essa, hein?

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Trabalhar em equipe dá trabalho

Na teoria, o trabalho em equipe é maravilhoso, cheio de benefícios e é uma das formas mais eficazes de uma empresa de qualquer ramo prosperar. Os empresários estão em busca de profissionais que tenham potencial para trabalhar em equipe e que possam assumir um papel importante dentro dela e guiar os demais.

Mas, na prática, não é bem assim que funciona.

Colocar uma equipe multiprofissional em um local de trabalho e esperar que trabalhem juntos por si só é utópico.

A ordem natural das coisas é que cada pessoa dentro desta equipe vai fazer aquilo para o qual foi contratada e seguir sua própria ideologia de trabalho, modelando o ambiente de acordo com a sua forma de desenvolver suas atribuições.

Mesmo em equipes interdisciplinares - equipes onde cada um supostamente trabalha tentando interagir suas funções com as dos colegas - o trabalho em equipe, com o real sentido do conceito, não é tão simples.

Imaginem uma equipe onde diversos profissionais trabalham com formações diferentes, ideologias diferentes e ritmos diferentes. Como fazer para que essas pessoas compartilhem uma opinião e desenvolvam um trabalho homogêneo e eficaz?

Flexibilidade.

Estar disposto a ouvir a opinião do outro e aceitá-la se esta for a decisão da maioria, independente das crenças pessoais. É preciso abrir mão da individualidade pelo bem da coletividade.

Nem todos estão preparados para isso. É um exercício diário e depende muito de investimento. Não somente financeiro, mas também de tempo para que essas mudanças possam acontecer.

Deixar de lado aquela velha máxima que fazer reunião é perder tempo. E otimizar esse momento para que não se torne perda de tempo. Poder fazer valer os princípios do trabalho em conjunto.

Pequenas coisas que, se levadas a sério, facilitam sim a vida de todos os envolvidos nesse processo e, ainda, torna a vida profissional menos complicada e o ambiente de trabalho mais prazeroso.

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

A fuga da intimidade



Que somos seres egoístas e individualistas, não é de hoje que nossa consciência já nos alertou. Mas não é por isso que me impressiono menos com as situações e com a capacidade que ser humano tem de fugir de situações altruísticas.
Solteirões aos 40 anos, mulheres chamadas "independepentes" (leia-se aqui "que não precisam de homens para serem felizes"), a onda do "só ficar", o medo de envolver-se, pessoas com problemas de relacionamento no ambiente de trabalho, etc.
Claro que sempre fomos assim, buscando nosso sucesso individual, preocupando-nos conosco mesmos acima de qualquer coisa e buscando satisfação sem dor. Isso é humano.
Mas hoje, me parece que a sociedade do vazio instalou-se. A busca por não se sabe o quê, o emprego que não satisfaz, a procura pela utópica alegria constante, a privacidade sem exposição, o amor que nunca chega.
Os consultórios de Psicologia estão repletos que pessoas com a síndrome do vazio. "Tenho tudo e não sou feliz"; "Estou triste, não sei com o que". E há ainda aqueles que conseguem verbalizar o aperto no peito, o vazio, mas que não sabem o que fazer com isso nas mãos.
Há uma intensa fuga de relações íntimas. Seja por falta de investimento ou por medo de envolvimento, os relacionamentos estão mais fugazes hoje. Não falo somente de relações amorosas, mas de relações em geral.
Colegas de trabalho que não sabem nada da vida pessoal do outro (se é casado, se tem filhos, se mora na mesma cidade); colegas de aula de quem nem sabe o nome; casais que se encontram "na noite" e não fazem questão de manter contato posterior.
Situações simples, mas que nos mostram o quanto o contato com o outro já não é mais importante e também não é mais nossa prioridade.
Por que não nos interessa saber um pouco mais sobre as pessoas? Será que isso não nos ajudaria a entender o porquê de algumas dificuldades que elas têm? Isso nos tornaria mais vulneráveis ou menos profissionais?
Tentando evitar o sofrimento, muitas vezes sofremos de outra forma e, nesse caso, de privação. Privação dos bons momentos que a intimidade e o envolvimento com o outro pode nos proporcionar.
Sofrer, é inevitável.

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

O mito do relacionamento perfeito



Abro a Zero Hora (Jornal de grande circulação na zona metropolitana de Porto Alegre) deste domingo e um dos cadernos traz a notícia do final do casamento de Edson Celulari e Cláudia Raia, depois de 17 anos de união.
Nesta mesma postagem, exemplos de outros casamentos perfeitos que chegaram ao fim e outros que ainda nos servem de exemplo de como o amor é maravilhoso e blá blá blá.
As pessoas se espelham em casais famosos dos quais consideram o relacionamento como algo beirando a perfeição e almejam que seus próprios relacionamentos estejam dentro dos parâmetros estabelecidos por eles.
Mas o que esses relacionamentos têm de tão maravilhoso e que nos faz desejar estar no mesmo patamar?
Os sorrisos nas fotos, a cumplicidade nos eventos cobertos pela mídia, a química que rola em lugares públicos. Isso sim, não estou discutindo essa questão. Mas o mais importante: os pontos baixos do relacionamento não vem à tona para o grande público e acho que, este cuidado, é o que os torna tão imaculados.
Cada pessoa é diferente e cada relacionamento tem seu valor.
As escolhas que fazemos de nossos parceiros(as) não é por acaso. Elas são somas de características e sensações que nos agradam o olhar, que nos aquecem o coração e de alguma forma fazem-nos revelar o melhor de nós mesmos.
Isso é garantia de felicidade?
Talvez não. Mas são ferramentas que nos permitem lapidar a relação e descobrir, além dos defeitos (que aparecem e são teimosos em retornar), as "perfeições" que cada um traz dentro de si.
Não acredito em relacionamentos perfeitos porque não acredito em pessoas perfeitas. Altos e baixos fazem parte da vida.
A convivência com nós mesmos às vezes já é uma tarefa árdua por si só.
Buscamos no outro aquilo que falta em nós mesmos, mas nem sempre esse outro nos preenche como gostaríamos. Isso é humano: estar sempre desejando, sempre em falta, sempre a procura.
Buscar aperfeiçoar a nós mesmos dentro de uma relação, já faz com que ela tenha boas condições para seguir em frente e prosperar. Buscar no outro complementos para nossos desejos nos faz amar sem esperar demais. Porque afinal são dois, e o sucesso de qualquer relacionamento depende de duas pessoas.