domingo, 26 de dezembro de 2010

Encerrando o ano - E iniciando outro ciclo

Final de ano chegando e com ele as infindáveis reflexões a respeito do ano que se passou. Não é só a Tv Globo que faz "Retrospectiva XXXX". Nós também fazemos e acumulamos nela todo o fardo de nosso corrente ano.

Algumas situações muito boas e que nos trazem sorrisos, algumas decepções (muuuuitas em alguns casos), coisas ruins que nos marcaram e as famosas "metas" para o ano seguinte, na tentativa de fazer do próximo ano um ano ainda melhor.

E entre essas metas, encontramos de tudo! Arrumar um emprego novo, aquisição de bens materiais, conhecer pessoas, estudar, viajar, ser e acontecer.

Chegando ao final do ano eu pergunto: quantas das "metas" do ano passado tu conseguiste alcançar neste ano de 2010? Quantas ficaram para trás, perdidas no caminho? Quantas não se aplicam mais no dia atual? Quantas foram realmente possíveis de realizar?

Acredito que é importante certo planejamento para saber o caminho a ser traçado. Mas na ânsia de planejar e controlar todas as variáveis, será que a espontaneidade e a naturalidade são preservadas? Será que a intensidade de simplesmente viver e deixar as coisas acontecerem não é algo mais interessante?

Ou será que as metas é que estão inadequadas? Será que estamos almejando coisas que realmente são possíveis de se colocar em prática?

Façamos o seguinte, vamos diminuir o número de metas. Comecemos a pensar não só no resultado final, mas nos passos que vamos dar para alcançá-lo.

Já dizia aquela frase que o caminho é mais importante que o destino. É o processo que nos faz crescer, que nos aprimora.

Listas? Pra quê se o importante é o viver? Queremos alcançar tantas coisas por quê? Não é para sermos mais felizes? Então! Sejamos mais felizes!

Minha meta para 2011? Experimentar!
Experimentar novos caminhos, novas situações, novos desafios, novos amigos, novos amores. E como a gente começa a experimentar a vida?
Permitindo-se!

Como diria Lulu Santos: "Não há tempo que volte, amor. Vamos viver tudo o que há pra viver. Vamos nos permitir..."
Feliz 2011 pra todos nós!

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Deixe estar - é possível?!

Há momentos em que encontro pessoas remoendo certas situações, a ponto de, muitas vezes, fechar o olhar para algo além disto.

Quando coloco a palavra remoer, estou trazendo um conceito de repetição "compulsiva", um eco constante e frequente que toma o pensamento em algum momento do dia (ou do dia todo, em alguns casos).

Uma oportunidade que se perdeu, um amor que se desfez, uma pessoa que nos decepcionou, uma situação onde não encontramos conformidade. Muitos são os pensamentos que às vezes atormentam nossas reflexões.

Fico me perguntando o por quê de fixar tanto o pensamento nessas situações e o que há neste acontecimento que não foi completamente resolvido a ponto de tomar a reflexão de forma tão perturbadora. Por que continuar a pensar tanto naquilo que já não pode mais ser alterado?

Acredito que muitos de nós somos movidos pelo desafio, sempre acreditando que é cedo demais para desistir. Deixar de procurar "soluções" seria uma forma de abdicar, de perder a batalha, seja ela qual for.

Mas, pensando do ponto de vista da boa saúde, será que é saudável pensar com tanto afinco naquelas situações em que já não podemos fazer mais nada, que não temos mais nenhum tipo de controle?

A repetição que considero saudável, é aquela que se faz para tentar resignificar os eventos da vida, para realojar sentimentos, para trazer e trabalhar uma nova significação, uma nova subjetivação. Isso é extremamente positivo e também necessário.

Às vezes, é preciso dar-se conta de que precisamos seguir em frente.

Aceitar que às vezes temos de deixar as coisas como estão não é o mesmo que desistir. Ao contrário, é poder ter um cuidado consigo mesmo e com seu tempo interno, que para cada um de nós é tão único, tão particular. Lidar com aquilo que não mais depende de nós é um grande desafio. Fazer o que se pode fazer e não ir contra a maré é a chave.

Precisamos aprender a pensar não para nos punir ou nos culpar por algo que não deu certo, que se perdeu em nossas vidas, mas pensar para poder tomar atitudes mais positivas, refletindo até onde se está fazendo o que se gosta e o que faz bem a si mesmo.

Deixar ir... Libertar-se da culpa de não poder fazer mais nada e perceber que "não fazer mais nada" também é atitude, também é força que nos move.

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Duras verdades ou belas mentiras?!

Muitos de meus diálogos com amigos acabam por transformar-se em grandes reflexões e, por vezes, acabam aqui no blog. Fui questionada sobre o seguinte tema: Ser sincero e dizer a verdade é sempre uma coisa boa?

Minha primeira e instintiva resposta seria sim. Dizer a verdade e ser sincero sobre nossas intenções e sentimentos é sempre bom e necessário. Diria até que é algo essencial para a vida em sociedade e manutenção dos relacionamentos.

Mas, como tudo na vida tem dois lados, percebi que certas verdades, quando ditas sem o devido preparo, também nos ferem, também nos trazem sofrimento.
Me pergunto em primeiro lugar: estamos prontos para ouvir as verdades por mais duras que elas possam parecer?

Nós, seres humanos, temos uma grande dificuldade em ouvir críticas e verdades e aceitá-las como algo construtivo.
Uma dura verdade é ainda melhor que uma bela mentira.
Uma dura verdade nos permite crescimento. Permite também que trabalhemos com a realidade, conhecendo o terreno onde estamos construindo nossa história e tendo em vista as ferramentas que temos disponíveis na nossa caminhada.

A mentira, por melhor que seja a intenção, nos tira a oportunidade de rever nossas opções e trabalhar com o real, com as possibilidades que temos.

Mas é preciso muito trabalho para aprender a aceitar as verdades. Nem sempre elas são belas ao primeiro olhar e, às vezes podem ferir nossos sentimentos e nosso ego (que acho que é onde mais dói). Mas para aceitarmos as verdades, precisamos aprender a dizer verdades e lapidar nossa sinceridade.

Então, em suma, acho que a sinceridade - quando usada com o devido bom senso - é sempre mais positiva.

Mas é algo que depende também de nossa atitude sincera, de nossa disposição em falar e aceitar essas verdades que se apresentam.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

A intensidade do viver

Recebi uma ligação de alguém importante para mim e de quem gosto muito e ouvi a seguinte frase: "Sempre fica um pouco de perfume nas mãos de quem oferece flores."

Parecia uma frase tão simples se ouvida fora de um contexto, mas percebi que essa pessoa estava falando de algo muito mais profundo do que um simples consolo.

Desta pequena e singela frase, fiz muitas reflexões e me dei conta de que devemos fazer sempre aquilo que nos faz bem, ser naturais e jamais fazer ou desejar o mal das pessoas. Cada atitude nossa feita com carinho deixa marcas nas pessoas.
E essa marca nos transforma também.

É preciso viver intensamente os momentos, sem medo de arrependimentos, sem medo de se entregar. O amanhã ninguém sabe.
Viver em função dos outros nos traz tanto trabalho... E acabamos por não viver para nós mesmos... sempre absortos em agradar àqueles que muitas vezes acreditam que fazemos apenas nossa obrigação.

Dizer sim à vida e às suas oportunidades. Essa foi a minha escolha. Aproveitar cada momento e cada pessoa que cruzar meu caminho. Oferecer flores, mesmo àqueles que não sabem aproveitar seu perfume.
Cada um dá aquilo que tem de melhor.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Decepção ensina a viver sim!


Mais fácil conviver com um coração partido - cuja plasticidade já foi comprovada - do que com a decepção... Sempre há espaço para começar de novo, errar de novo, amar de novo, sofrer de novo e seguir em frente.
Para a decepção não há remédio...

E mesmo sob essa premissa da decepção, vivemos depositando expectativas nas situações, nos empregos, nas pessoas, nos relacionamentos. Vivemos esperando que tudo supra uma necessidade nossa de alcançar o sucesso a qualquer custo, chegar ao êxito.

E quando algo foge ao nosso plano, escapa às nossas mãos, quando algo que não depende de nós falha, vem aquela sensação de vazio e desilusão. Por quê depositamos tanta expectativa no que não cabe a nós mesmos decidir?

Precisamos aprender a ser mais realistas frente às situações. Esperar delas apenas aquilo que é viável, possível de acontecer. Jamais devemos colocar nos outros a responsabilidade pelos nossos sucessos, pela nossa felicidade.
É um peso deveras surreal. Para aqueles que são depositários de toda essa implicação e para nós, que acabamos de certa forma tirados do protagonismo de nossas vidas.

Fácil falar? Vamos então colocar em prática. Como qualquer hábito, o protagonismo precisa ser exercitado diariamente.
Tomar frente da própria vida e esperar o mínimo das situações/pessoas, nos coloca numa posição bem mais positiva. E evita que nos decepcionemos tanto com as imperfeições alheias, com os tropeços da vida, com as impossibilidades de certos acontecimentos.

E aquela velha máxima de que "decepção não mata, ensina a viver" é verdade. Assim como cada um de nossos erros, decepcionar-se faz parte. O que precisamos aprender é tirar o devido proveito das situações e aprender lições que possam nos ajudar no nosso cotidiano.

Viver de forma mais natural, mais espontânea é viver mais e decepcionar-se menos.

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

A vida é a arte do encontro


"(...) A vida é a arte do encontro, embora haja tanto desencontro pela vida. Há sempre alguém a sua espera (...)" - Samba da bênção - Vinícius de Moraes

Definitivamente não consigo pensar o encontro como sendo uma mera aproximação entre duas ou mais pessoas. Não sei se influenciada pelos saberes da Psicologia ou pelas inúmeras vivências deste assim chamado "momento". Penso que é mais do que isso.

Explico por que.
Quantas vezes estivemos com pessoas e não fomos tocados pelo momento? Tocados aqui, não no sentido romântico, que aliás não é o meu forte.
Quantas vezes estamos com pessoas e ligamos o piloto automático das relações sociais?

O encontro passou a ser algo artificializado. As pessoas acreditam que é preciso um local e um propósito específico para que ele aconteça.

Acho que o encontro é o que nos definine enquanto sujeitos. Desde que nascemos, encontramos pessoas e situações e somos tocados, moldados, influenciados por elas.
Nos lugares mais banais somos atravessados por estes encontros.

Sendo assim, não consigo pensar o encontro como mera formalidade, como algo físico e visível, mas como algo que nos atravessa do exterior, que nos surpreende vindo de um fora novo, sempre em constante transformação.

Quem aqui nunca se sentiu tocado pelos raios de sol num belo encontro caminhando na beira da praia? E quem nunca sentou com uma pessoa e conversou por horas a fio sem ver o tempo passar, absorto na construção e nas trocas que uma boa conversa nos traz?

Encontramos pessoas e situações todos os dias. Algumas serão significativas, outras não. Algumas permanecerão em nossas vidas, outras, se perderão por entre os diversos caminhos que a vida nos leva.
Mas todos os encontros nos deixam marcas.

A vida, certamente é a arte do encontro. Nós é que teimamos em nos desencontrar.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Coração ou razão?


Sempre que nos colocamos diante de decisões importantes na nossa vida a questão da razão e da emoção também nos é colocada.

Qual das duas é a melhor na hora de decidir por este ou por aquele caminho?

Nossa tendência natural é usar a razão. Pensar prós, contras, colocar no papel e avaliar as perdas e ganhos de cada alternativa que temos. Simples assim. Usar pesos e medidas. Cientificamente comprovado.

Simples? Então por que a gente continua com o eterno dilema? Somos seres apenas racionais? Onde fica o papel das emoções na nossa tomada de decisões?

Sou adepta do bom e velho "deixar a poeira baixar". Tomar decisões importantes quando estamos tomados pela emoção é certamente uma alternativa arriscada. Quando a emoção nos domina, tendemos a ignorar fatos importantes da realidade.
Não estou aqui defendendo a pura objetividade.

Esta, também tem seus riscos e complicações. Nos torna um pouco frios, na verdade. E há momentos em que é preciso "tomar partido" e colocar nossa subjetividade em jogo.

Importante é pensar naquilo que nos fará felizes. Cada um sabe a "dor e a delícia" de ser o que é. Cada um de nós sabe o que nos traz satisfação.
Nesse ponto, acho que descobrimos o papel das emoções: pesar o que nos faz bem, o que nos traz a sensação de dever cumprido conosco mesmos.

De nada adianta a objetividade, a razão, se elas não vêem de encontro aos nossos valores, crenças e objetivos de vida.

Por isso que eu sempre digo: na vida, nada é uma questão de certo ou errado, mas sim de fazer aquilo que achamos certo para cada momento que vivemos.

Se é a emoção ou a razão que vai nos levar à decisão, não sei. Mas que o resultado venha para deixar nossos dias mais agradáveis e tornar nosso viver ainda mais interessante.

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Atenção aos detalhes



Depois de passar por um momento adverso, posso dizer que nos apresentamos mais fortes, mais "vacinados" contra as dificuldades e pedras no caminho.
Já dizia o grande Nietzsche: "O que não nos mata, nos torna mais fortes".
É nos momentos difíceis da vida que nos tornamos mais conscientes de nós mesmos. É nesta hora que refletimos a respeito de nós, de nossa vida, de nossos problemas e podemos nos conhecer melhor.
O ritmo de vida acelerado não nos permite parar e pensar sobre muitas coisas que deveriam ser refletidas, pelo menos de tempos em tempos.
Quando enfim, algo "ruim" (mas potencializador) nos acontece, tiramos o tempo para reflexão e percebemos tantas coisas...
Vivemos esperando o momento em que vamos ser felizes, condicionando nossas alegrias à pessoas, situações, eventos.
Na verdade, percebo que são os detalhes que fazem a diferença. Cada pequeno momento, quando devidamente aproveitado, constrói um pouco mais daquilo que a gente tanto chama felicidade.
Estar com amigos, conversar sobre futilidades, sentir a brisa num dia de verão, sentir o sol queimar a pele. Parecem coisas tão pequenas se comparadas àquelas que estipulamos que nos trará felicidade...
Atenção aos detalhes. Potencializar os pequenos momentos e escolher torná-los felizes. Sem pressão, sem pressa.
Tudo isso deixa as coisas tão naturais. E é na simplicidade que encontramos as alegrias mais verdadeiras.
Vamos nos permitir?

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Protesto ou retrocesso?


Essa semana estava lendo em algum site por ai a respeito da candidatura do Tiririca e da grande leva de eleitores de quem ele já mobilizou as intenções de voto.

A primeira coisa que me veio à cabeça (tendo lido a entrevista dele na época em que foi lançada a condidatura): "O que será que um palhaço desses vai fazer além de sugar o bolso público?!"

Pois é, minha gente. Ele está liderando as pequisas de intenções de voto no estado onde ele concorre. E o pior: eleitores de todos os cantos do Brasil mostraram apoio à campanha dele!
E sabe qual a justificativa??? PROTESTO!

Protesto? Gente, então mudou o conceito e não me contaram.
Que tipo de protesto é esse??? Colocar um palhaço lá na Câmara Federal como mero boneco das deliberações do partido ao qual ele serve, levar com ele uma leva de outros "palhaços" que não estão dando a mínima para as necessidades do povo?

É por essas e por outras que gente como ele lança candidatura: por que palhaços como ele desperdiçam seu voto.

Fico indignada com esse retrocesso e com a mentalidade do povo. Sei que a política está muito desacreditada, mas antes usar o direito ao voto nulo do que votar em figuras insólitas quanto as que estão por ai, pedindo nosso voto.

Vou ali acompanhar o circo pegar fogo e já volto.

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Luto - Perdas e ganhos


Todos nós passamos por situações difíceis na vida. A todo momento fazemos escolhas e cada uma delas implica em ganhar e perder algo.

Quando perdemos alguém importante na nossa história, seja por morte ou por separação, é inevitável sofrer e, embora as pessoas nos digam para não chorar, não pensar e distrair a cabeça, acredito que para uma boa elaboração do luto é preciso viver a tristeza, viver a gama de sentimentos que a situação nos proporciona.

Não estou aqui dizendo que temos de nos entregar à tristeza e deixarmos de ver as boas perspectivas de futuro que nos aguardam, mas de poder viver os momentos sem culpa, sem se preocupar em mostrar aos outros que estamos bem.

Perder nos faz tristes. A tristeza nos faz apertados, nos faz reflexivos, nos faz penar.

Então, choremos, pensemos nas perdas. Quando nos permitimos sofrer, também nos permitimos resignificação dos sentimentos. Cada emoção, cada sentimento precisa ser recolocado em nossa vida, reavaliado. E para isso, devemos "perder tempo" refletindo sobre eles.

Se vamos "rir de tudo isso depois" é outra questão.
Aos amigos que vêem seus amigos queridos passando por situações assim, apenas sejam bons ombros, bons braços, bons colos, bons ouvidos. Difícil ver um amigo triste e não saber o que dizer. Mas o simples fato de estarem ali, oferecendo seu apoio, já faz toda a diferença.

E sequem suas lágrimas. Todos sabem que nenhum sofrimento é permanente e que precisamos retomar a vida. Mas isso vai acontecer naturalmente, cada um tem seu ritmo.

Mas vivamos o luto. Permita-se sentir triste, chorar e questionar-se. Cada luto traz renascimento, traz novas possibilidades, que, na hora certa, conseguiremos enxergar.

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Dias melhores sempre virão


Hoje amanheci triste, com um peso enorme nos meus ombros. Percebo como ficamos fragilizados quando coisas ruins nos acontecem.

E a vida está ai, para nos apresentar suas facetas diversas, e nem todas elas são doces, alegres e produtivas. Se bem que até nas coisas ruins encontramos possibilidades.

Coisas ruins acontecem na vida de todos e nos afetam de maneiras muito diversas.
Reagir a elas depende de muitos outros fatores.

Em meu trabalho de conclusão do curso trabalhei um conceito chamado "resiliência". Tema relativamente novo, mas que nos ajuda a entender como as adversidades nos afetam e como é possível superá-las e até mesmo aprender com elas.
Resiliência seria a capacidade de atravessar crises e adversidades sem desenvolver nenhum prejuizo a nossa saúde e até mesmo podendo aprender com essas dificuldades, transformando nossa realidade.

Basicamente, nossa história de vida, nossos amigos, família, instituições podem servir como proteção contra os efeitos negativos das situações de crise.
Poder contar com pessoas na resolução de nossos problemas se mostra uma característica positiva.
As coisas ruins acontecem e nos afetam inevitavelmente. Mas posso garantir, que sabendo para quem recorrer, nossos problemas se tornam fardos bem menos pesados.

Com quem você pode contar nessa vida?!
Quem são seus "fatores de proteção"?

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Para quê simplificar se a gente pode dificultar?!


Há situações na vida da gente que realmente nos fazem pensar sobre as (im)possibilidades da humanidade e sobre como as pessoas administram (ou não) as suas emoções.
Que relacionar-se com o outro não é uma tarefa fácil, isso nem preciso reiterar, é fato dado e indiscutível. Mas que tem gente que faz questão de complicar, isso é mais do que verdade.
Há situações em que o conflito é inevitável e resolvê-lo passa a ser questão de quem vai ceder primeiro. E ceder, leia-se aqui "dar o braço a torcer". Ceder não é mais uma questão de ajuste, de flexibilidade, mas passa a ser de fraqueza, de admitir que se erra. (Como se isso fosse alguma novidade: nós, humanos, errarmos!)
Uma vez ocorrido o conflito e em virtude da dificuldade de resolvê-lo, algumas pessoas adotam o bom e velho, "deixar rolar" ou "esperar a poeira baixar". Outros porém, preferem atitudes de verdadeiro descontrole, como "colocar lenha na fogueira", complicar, implicar.
Acredito que seja uma dificuldade de cada um e que não é questão de certo ou errado. O que eu não entendo, é o que as pessoas vêm de benefício em perpetuar uma rixa, reforçar um comportamento desagradável, proporcionar ao outro desconforto.
Quem ganha e quem perde? Todos perdem.
O que sofre as consequências, perde porque está numa posição de receptor de toda energia negativa.
Mas quem gasta o seu tempo e suas energias projetando suas dificuldades no outro perde muito mais. Perde por investir tempo em algo que não gera proveito ou benefício algum. Perde porque gera negatividade nas suas atitudes e pensamentos. E perde porque não aprende grandes lições que as adversidades da vida nos proporcionam.
E eu? Aprendi a deixar passar, a tomar para mim minhas responsabilidades e só. O que é do outro, deixo para que ele se ajuste quando estiver preparado para assumir suas próprias responsabilidades.
A vida é muito curta e complicada o suficiente para que eu ainda dificulte sua passagem.
Decidi ser facilitadora.
E você?

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

O meu tempo e o tempo do outro

O tempo é uma das medidas que me encantam refletir.
É tão contínuo, tão ininterrupto, tão variável, tão relativo.

Quando somos crianças, o tempo passa tão devagar, tão espaçado. Vivemos as horas como se fossem dias inteiros... As brincadeiras têm começo, enredo e fim. E um novo começo se desejarmos.

Os anos de escola são infindáveis. Não vemos a hora deste bendito tempo passar para que enfim, gozemos da plenitude da vida adulta, onde o tempo estará a nosso favor.

Ledo engano! Lá vem o tempo para nos empurrar numa torrente de horas e dias que passam sem que nos demos conta de como e para onde foram. Há começo, enredo e o quê mais mesmo?

Acordamos um dia e nos damos conta da idade... reflexo de como o tempo passou para nós. E desejamos que o tempo volte a correr devagar, para que aproveitemos cada segundo de cada momento.

O tempo é diferente para cada pessoa. Cada um de nós tem o seu ritmo, sua velocidade.

O tempo do relógio é o mesmo, mas nosso relógio interno nos prega peças!

Quando estamos no trabalho, parece que este mesmo tempo, que voa nos finais de semana, arrasta-se, martirizando-nos com sua velocidade absurdamente lenta. E às vezes, concentrados na tarefa, o tempo voa e não percebemos o quanto fomos absorvidos por ele e pelo relógio com suas batidas ritmadas.

O que é o tempo para mim? O que é o tempo para o outro? Diferentes, iguais? Apenas relativo, já nos mostrava Einstein.

Como estamos aproveitando nosso tempo? Com quem estamos passando nossos momentos?

Estamos vivendo as plenitudes que se apresentam para nós ou apenas esperando o tempo passar?

Independente da resposta, o tempo continua passando e os momentos que vivemos no hoje, não voltam mais. Amanhã, mesmo idênticos, serão diferentes. Porque o tempo simplesmente passou.

Reflexões estas de alguém que olhou para tras e viu que um quarto de século se passou. E como passou rápido! =)

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Oração do Psicólogo


Senhor,
Só Você conhece em profundidade a criatura humana
Só Você é verdadeiro psicólogo.
Contudo, Senhor, aceite-me como seu ajudante.
Ensine-me as técnicas, oriente-me para não errar,
E quando eu falhar - sei que isso acontecerá -venha depressa, Senhor, sanar o mal que fiz.
Dê-me um entranhado amor e respeito
pela criatura humana.
Não permite que a rotina, o cansaço
torne-me frio e indiferente ao outro.
Dê-me bastante humildade para aceitar meus erros,
perdoa as ofensas e ajuda-me a
atribuir os êxitos a Você.
Que no fim de cada dia, ao fazer minha revisão,
eu possa dizer em verdade:
Hoje fiz tudo quando dependeu de mim para
ajudar ao meu irmão.
Obrigado, Senhor!
27 de agosto - Dia dos Psicólogos -

27 de Agosto - Dia do Psicólogo


Hoje é dia do Psicólogo.
Dia do profissional que lida com as emoções, que questiona, que posiciona, que reflete.
E somos muitos e somos vários e somos diversos.
Estamos nas empresas, nos postos de saúde, nos centros de atenção, nos hospitais, nas delegacias, nas Ongs e onde mais tivermos espaços estamos a ocupar. E mesmo onde não temos espaço, lá estamos nós nos enfiando e deixando nossa marca.
Para aqueles que pensam que a profissão é um mar de rosas, meus amigos, ledo engano!
Somos chamados a responder quando ninguém mais responde. Infelizmente ainda é assim! Poucos são os que nos pensam como medida protetiva e preventiva.
E lutamos e brigamos e nos descabelamos para encontrar nosso lugar.
E que lugar é esse?
Às vezes um lugar de pouca valorização, de pouca remuneração, de poucas condições.
E quem somos nós?
Para muitos, ainda somos aqueles que trabalham com a loucura, com o problema, com a incógnita.
Mas isso muda, um dia muda.
Um dia seremos reconhecidos por nossos esforços e não por nossa teimosia!
Parabéns aos colegas que apesar dos pesares seguem lutando, seguem realizando a doce tarefa de retransformar sofrimentos, de recolocar as emoções nos seus lugares.

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Semana Estadual dos Direitos da Pessoa com Deficiência




Esse final de semana aconteceu uma situação que me fez refletir sobre a importância da promoção de eventos relevantes.

Estive a passeio na Usina do Gasômetro em Porto Alegre e qual foi minha surpresa ao perceber que estava acontecendo um evento. Neste evento, um palco, onde pessoas se apresentavam, música alta ecoava e diversos "estandes" improvisados estavam distribuídos na frente da usina.

A pessoa que estava comigo perguntou-me se eu sabia sobre o evento e eu realmente não tinha idéia do que se tratava.

Para minha surpresa (que trabalho numa Ong que defende os direitos das pessoas portadoras de necessidades especiais), o evento em questão se tratava da "Semana Estadual do Direitos da Pessoa com Deficiência".

Posso estar enganada, mas nenhum jornal de circulação essa semana fez menção de destaque a este acontecimento.
Digo acontecimento porque é uma forma de trazer à sociedade a realidade sobre as pessoas que possuem alguma necessidade especial (seja ela física ou mental). É um espaço para poder mostrar (como diz o lema deste ano) que "Somos iguais nas diferenças" e que apesar das dificuldades, ainda há força para lutar por melhores condições.

Fico decepcionada quando vejo que eventos não tão impactantes são amplamente divulgados em todos os meios de comunicação e que movimentos como este fiquem à sorte de quem os encontra assim como eu, por acaso.

Aqui no Rio Grande do Sul, os eventos começaram no dia 21/08/2010 e vão até o próximo domingo, dia 29/08/2010. São debates, apresentações, discussões e relato de vivências dessas pessoas que muitas vezes são esquecidas pela sociedade.
Quem tiver oportunidade, vale muito a pena conferir. Certamente poderá fazer uma boa reflexão a respeito da sua própria vida e valorizá-la ainda mais.

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

A lógica da punição

Na semana passada a polêmica do projeto de lei que proíbe a famosa palmada gerou diversas opiniões contrárias, principalmente dos adeptos da tal "palmada educativa". Teve gente que foi além e levantou uma questão importante sobre a intervenção pública na vida privada e educação dos filhos.
Acredito que nunca foi tão difícil educar crianças como está se apresentando a questão atualmente. Bullying e agressões contra colegas e professores vindo de crianças de 8 anos nunca vendeu tanto jornal.
Nunca se falou tanto em limite quanto hoje. E nunca se soube tão pouco a respeito do conceito. Muitos pais acreditam que impor limites aos seus filhos significa proibi-los de fazer algo ou puni-los quando não agem de acordo com as regras. Mas o conceito vai muito além disso.
Impor limites é, acima de tudo, mostrar um amor consciente. Ensinar as crianças que todos os nossos atos têm consequências e que nem tudo o que desejamos é possível ser realizado imediatamente. Educação exige firmeza equilíbrio e os pais precisam passar aos seus filhos, porque isso os ajuda no seu desenvolvimento psicológico.
É ai que entra a lógica às avessas da palmada. Os pais usam a palmada quando outras tentativas já falharam. Mostram aos seus filhos que, quando não conseguirem resolver seus conflitos, eles podem se utilizar da "palmada". E aceitável usar agressão para solucionar problemas! E por que? Porque os pais utilizam!
Os pais são os modelos nos quais as crianças se espelham para desenvolver seus valores e por isso precisam ter consciência dos seus atos e que eles vão influenciar o desenvolvimento dos filhos.
Acredito que, embora o projeto de lei tenha boas intenções, não servirá aos seus propósitos de auxiliar os pais na educação de seus filhos, uma vez que estipula a punição, mas não os ensina a maneira mais adequada de educar.
É preciso bom senso e muita reflexão. Educar uma criança é dar subsídios para que no futuro ela possa resolver seus conflitos sozinha e de forma satisfatória. Que grande responsabilidade essa, hein?

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Trabalhar em equipe dá trabalho

Na teoria, o trabalho em equipe é maravilhoso, cheio de benefícios e é uma das formas mais eficazes de uma empresa de qualquer ramo prosperar. Os empresários estão em busca de profissionais que tenham potencial para trabalhar em equipe e que possam assumir um papel importante dentro dela e guiar os demais.

Mas, na prática, não é bem assim que funciona.

Colocar uma equipe multiprofissional em um local de trabalho e esperar que trabalhem juntos por si só é utópico.

A ordem natural das coisas é que cada pessoa dentro desta equipe vai fazer aquilo para o qual foi contratada e seguir sua própria ideologia de trabalho, modelando o ambiente de acordo com a sua forma de desenvolver suas atribuições.

Mesmo em equipes interdisciplinares - equipes onde cada um supostamente trabalha tentando interagir suas funções com as dos colegas - o trabalho em equipe, com o real sentido do conceito, não é tão simples.

Imaginem uma equipe onde diversos profissionais trabalham com formações diferentes, ideologias diferentes e ritmos diferentes. Como fazer para que essas pessoas compartilhem uma opinião e desenvolvam um trabalho homogêneo e eficaz?

Flexibilidade.

Estar disposto a ouvir a opinião do outro e aceitá-la se esta for a decisão da maioria, independente das crenças pessoais. É preciso abrir mão da individualidade pelo bem da coletividade.

Nem todos estão preparados para isso. É um exercício diário e depende muito de investimento. Não somente financeiro, mas também de tempo para que essas mudanças possam acontecer.

Deixar de lado aquela velha máxima que fazer reunião é perder tempo. E otimizar esse momento para que não se torne perda de tempo. Poder fazer valer os princípios do trabalho em conjunto.

Pequenas coisas que, se levadas a sério, facilitam sim a vida de todos os envolvidos nesse processo e, ainda, torna a vida profissional menos complicada e o ambiente de trabalho mais prazeroso.

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

A fuga da intimidade



Que somos seres egoístas e individualistas, não é de hoje que nossa consciência já nos alertou. Mas não é por isso que me impressiono menos com as situações e com a capacidade que ser humano tem de fugir de situações altruísticas.
Solteirões aos 40 anos, mulheres chamadas "independepentes" (leia-se aqui "que não precisam de homens para serem felizes"), a onda do "só ficar", o medo de envolver-se, pessoas com problemas de relacionamento no ambiente de trabalho, etc.
Claro que sempre fomos assim, buscando nosso sucesso individual, preocupando-nos conosco mesmos acima de qualquer coisa e buscando satisfação sem dor. Isso é humano.
Mas hoje, me parece que a sociedade do vazio instalou-se. A busca por não se sabe o quê, o emprego que não satisfaz, a procura pela utópica alegria constante, a privacidade sem exposição, o amor que nunca chega.
Os consultórios de Psicologia estão repletos que pessoas com a síndrome do vazio. "Tenho tudo e não sou feliz"; "Estou triste, não sei com o que". E há ainda aqueles que conseguem verbalizar o aperto no peito, o vazio, mas que não sabem o que fazer com isso nas mãos.
Há uma intensa fuga de relações íntimas. Seja por falta de investimento ou por medo de envolvimento, os relacionamentos estão mais fugazes hoje. Não falo somente de relações amorosas, mas de relações em geral.
Colegas de trabalho que não sabem nada da vida pessoal do outro (se é casado, se tem filhos, se mora na mesma cidade); colegas de aula de quem nem sabe o nome; casais que se encontram "na noite" e não fazem questão de manter contato posterior.
Situações simples, mas que nos mostram o quanto o contato com o outro já não é mais importante e também não é mais nossa prioridade.
Por que não nos interessa saber um pouco mais sobre as pessoas? Será que isso não nos ajudaria a entender o porquê de algumas dificuldades que elas têm? Isso nos tornaria mais vulneráveis ou menos profissionais?
Tentando evitar o sofrimento, muitas vezes sofremos de outra forma e, nesse caso, de privação. Privação dos bons momentos que a intimidade e o envolvimento com o outro pode nos proporcionar.
Sofrer, é inevitável.

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

O mito do relacionamento perfeito



Abro a Zero Hora (Jornal de grande circulação na zona metropolitana de Porto Alegre) deste domingo e um dos cadernos traz a notícia do final do casamento de Edson Celulari e Cláudia Raia, depois de 17 anos de união.
Nesta mesma postagem, exemplos de outros casamentos perfeitos que chegaram ao fim e outros que ainda nos servem de exemplo de como o amor é maravilhoso e blá blá blá.
As pessoas se espelham em casais famosos dos quais consideram o relacionamento como algo beirando a perfeição e almejam que seus próprios relacionamentos estejam dentro dos parâmetros estabelecidos por eles.
Mas o que esses relacionamentos têm de tão maravilhoso e que nos faz desejar estar no mesmo patamar?
Os sorrisos nas fotos, a cumplicidade nos eventos cobertos pela mídia, a química que rola em lugares públicos. Isso sim, não estou discutindo essa questão. Mas o mais importante: os pontos baixos do relacionamento não vem à tona para o grande público e acho que, este cuidado, é o que os torna tão imaculados.
Cada pessoa é diferente e cada relacionamento tem seu valor.
As escolhas que fazemos de nossos parceiros(as) não é por acaso. Elas são somas de características e sensações que nos agradam o olhar, que nos aquecem o coração e de alguma forma fazem-nos revelar o melhor de nós mesmos.
Isso é garantia de felicidade?
Talvez não. Mas são ferramentas que nos permitem lapidar a relação e descobrir, além dos defeitos (que aparecem e são teimosos em retornar), as "perfeições" que cada um traz dentro de si.
Não acredito em relacionamentos perfeitos porque não acredito em pessoas perfeitas. Altos e baixos fazem parte da vida.
A convivência com nós mesmos às vezes já é uma tarefa árdua por si só.
Buscamos no outro aquilo que falta em nós mesmos, mas nem sempre esse outro nos preenche como gostaríamos. Isso é humano: estar sempre desejando, sempre em falta, sempre a procura.
Buscar aperfeiçoar a nós mesmos dentro de uma relação, já faz com que ela tenha boas condições para seguir em frente e prosperar. Buscar no outro complementos para nossos desejos nos faz amar sem esperar demais. Porque afinal são dois, e o sucesso de qualquer relacionamento depende de duas pessoas.

terça-feira, 27 de julho de 2010

Romance perdido

Não sou muito adepta a ler o livro da hora, assistir o filme mais comentado e etc. Acho que no fundo acabamos influenciados pela torrente de opiniões contrárias e favoráveis que cada obra produz em nós e acabamos por perder a essência verdadeira do que nos foi provocado.

Semana passada, li o tão comentado "Crepúsculo", livro/filme que gerou diversas opiniões entre fãs, admiradores e críticos . Movida pela curiosidade, assisti também o filme.

Logo que comecei a leitura, lembro-me que o caso Bruno (é, o goleiro), estava bastante em evidência e chocou-nos pelo total desrespeito à figura feminina e nos trouxe à tona a futilidade/banalidade dos relacionamentos atuais.

Ao postar no Twitter que iniciara a leitura do tal romance, um amigo comentou que diante de todo esse horror noticiado pela mídia, não se importava que a filha assistisse e se encantasse tanto com a história e personagens do livro/filme.

Para os leitores que não assistiram, o livro/filme traz a essência do amor romântico "a la Romeu e Julieta" mesmo. Um homem se apaixona por uma mulher e a venera como o ser mais importante da sua vida, conferindo-lhe valor e estima incalculáveis e, partindo deste sentimento, faz o impossível para protegê-la de todo o mal que possa se aproximar dela.

Parece algo tão meloso e tão "bobo" nos dias de hoje, mas não é. Não é a toa que o filme arrasta multidões de adolescentes frenéticas (e outros fãs, é claro) aos cinemas. Não é a beleza do personagem do filme. É o sentimento, tão ausente nas relações de agora.

O que estamos presenciando em termos de relacionamento hoje em dia? Caso Bruno, caso Mércia, e outros tantos estão ai para nos mostrar como as mulheres são descartáveis. O número de casos investigados pelas delegacias da mulher espalhadas pelo Brasil se multiplicam absurdamente.

E por que isso acontece?

A banalização dos valores e da vida nunca esteve tão presente como nos nossos dias.

Com todos os direitos conquistados, com o esmagador número de mulheres frequentando e concluindo o ensino superior, elas ainda são vistas como inferiores aos homens e por isso, menos dignas de respeito. Parece absurdo falar disso em pleno ano 2010, mas é nítido. (Vide caso Geisy Arruda).

Por isso o filme encanta. Digam os contrários a ele que é meloso, exagerado ou o que quiserem dizer. O filme resgata algo que hoje foi perdido ou deixado de lado: o romance. Não aquele romance de exageros, mas o simples romance. Romance do olhar, do respeito, da entrega, do viver intensamente os sentimentos.

Onde estão os "Edwards" de hoje? Casados certamente. Porque nenhuma "Bela" seria boba de deixá-los passar.

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Acessibilidade verdadeira



Que eu sou psicóloga não é nenhuma novidade. Trabalho numa Ong destinada ao atendimento de pessoas portadoras de necessidades especiais e educacionais, ou seja, pessoas que possuem alguma "deficiência" física ou intelectual. E aqui não me refiro à deficiência como falta de eficiência.

Acho interessante ver a resiliência em ação.

Resiliência é a capacidade que todo ser humano possui de passar por situações difíceis sem se vitimizar ou abater ao ponto de desenvolver patologias e ainda aprender com as experiências ruins.

No meu trabalho, vejo pessoas em busca de melhores condições e lutando para serem reconhecidas como sujeitos e cidadãos, tomando conhecimento de seus direitos e cobrando das autoridades pela tal acessibilidade.

Pessoas essas que têm suas limitações e que apesar disso continuam ai, colocando-se na sociedade, todos os dias.

As empresas, pela lei das cotas, precisam abrir processo seletivo para os portadores de necessidades especiais. Mas isso não é suficiente. Disponibilizar vagas é de extrema importância, visto que ameniza a exclusão dos sujeitos do mercado de trabalho.

O que tem acontecido com certa frequência, é que as empresas não estão preparadas para receber essas pessoas. As empresas são deficientes!

Muitas delas não possuem rampas, elevadores, corrimão, banheiros adaptados para usuários de cadeiras de rodas, intérpretes para surdos/mudos, entre outras deficiências (das empresas, é claro). E aqui falo da deficiência como falta de eficiência.

Acessibilidade fala disso, de permitir acesso total a qualquer pessoa.

E não precisamos pensar somente a nivel trabalhista. Pensemos nas ruas da cidade, nas lojas, supermercados, cinemas e shoppings. Utilizar muletas ou de cadeira de rodas não é uma tarefa fácil nesses locais.

A busca por essa acessibilidade é uma luta contínua e precisa de todos nós para que fique cada dia mais possível. Pode ser que não precisemos desses recursos hoje, mas é nosso dever lutar pelo direito dos que precisam.

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Saudade boa x Saudade ruim


Estava nas minhas diversas postagens no Twitter quando posto a singela frase: "Saudade das coisas que não voltam mais." Logo em seguida, um amigo em reposta me diz que esse tipo de saudade faz mal e que devemos sentir saudade apenas das coisas que podem voltar.
Saudade, para quem sente, parece uma coisa ruim, negativa. Mas eu penso diferente. Sinto saudade apenas das coisas, situações e pessoas que foram marcantes, prazerosas e que me trouxeram felicidade.
Não conheço ninguém que sinta saudade de um acidente de carro, uma viagem frustrada, um tratamento de canal, um chefe autoritário, uma pessoa falsa.
Existem coisas na nossa vida que não vão voltar, que não é possível viver novamente. A viagem que fizemos com amigos na época da faculdade, as disciplinas que mudaram nossos pontos de vista durante os anos de escola... Detalhes que vivemos num passado que, seja por falta de tempo ou de oportunidade, não voltam.
Mesmo que as refizessemos tal qual foram na época, jamais seriam iguais, porque nós mudamos.
Converso com pessoas que falam como sentem falta da vida que levavam quando eram solteiras (e todos nós sentimos em algum momento), por exemplo. Sentem falta das festas, de sair entre amigos, do descompromisso.
Ok.
Penso da seguinte forma; o tempo apaga detalhes importantes quando se trata de saudade. Lembramos apenas das coisas boas que aconteciam em tal época. Será que esquecemos dos domingos à tarde em companhia do Faustão? Dos dias dos namorados sem um cobertor de orelha? Será que lembramos o quanto queríamos estar justamente na situação em que estamos hoje?
É, um dia vamos sentir saudades dessa época que vivemos hoje, do namorado que temos hoje (que mesmo que seja o mesmo namorado, já será diferente amanhã), do trabalho que temos hoje, dos programas que fazemos hoje, dos amigos que temos hoje.
Quem sabe começamos a ter saudades do hoje, agora mesmo?

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Drama nosso de cada dia


Assisti na semana passada um filme chamado "Desejo e Reparação". Gênero: drama. É, drama.

Quando estou procurando um filme para assistir na televisão, vou direto aos suspenses, à ação, à ficção. Acho que com todo mundo é mais ou menos assim. Quando lê a sinopse de um filme e percebe que um drama se aproxima, logo troca de opção.

Mas por quê? Por que evitamos o drama no cinema?
Simples.

Nos filmes de ação, aventura, romance, comédia e outros, podemos fantasiar e vibrar junto com nossos heróis e personagens a cada evento do filme.

Rimos dos desastres amorosos, vibramos com as explosões, angustiamos com a fuga das vítimas de um cruel assassino. E conseguimos nos distanciar desse mundo fantástico vivido pelos atores. Somos apenas espectadores.

No drama isso não é possível. Ele mexe com algo muito mais profundo da nossa essência: nossas dores e frustrações.

Enquanto nos outros gêneros de filme podemos esperar uma reviravolta extraordinária (e é isso que nos move até o final da história), no drama isso não é possível, pois o final já se anuncia na descrição do filme.

Mocinho conhece mocinha e ambos vivem um amor mágico e trágico. Não ficarão juntos no final. E essa é a razão pela qual esses filmes não nos atraem. Já vivemos quantidades suficientes de dramas diários para suportar mais essa perda.

No drama, há quem aprecie e consiga ver beleza na perda, na dor, no desencontro. Admiro-os.

Ao assistir dramas, fica apenas a sensação de fantasia inacabada. Como no filme supracitado. A gente espera a tormenta passar para então ver objetivo em tanta espera, tantas lágrimas. E o objetivo acaba sendo apenas esse: mostrar-nos o lado doloroso da vida.

Continuarei assistindo aos dramas e encararando nossos próprios dramas cotidianos em cada um deles. Às vezes nos faz bem.

domingo, 27 de junho de 2010

O tempo e as mudanças


Hoje acordei pensando nas mudanças que vêm com o tempo. Pequenas coisas, grandes coisas, coisas tão sutis que só nos damos conta quando, depois de muito tempo pensamos nelas como eram no começo.

Às vezes passamos uma vida esperando por uma mudança que jamais chega, porque, na verdade quando ela chega, já não é mais a mudança que esperávamos. Vai entender o ser humano...

Estamos em constante mudança. As idéias mudam, as feições mudam, os sentimentos mudam. Mas na maioria das vezes é mais fácil apontar essas mudanças nos outros. Mudar não é um processo fácil. Ele nos exige admitir que não somos tão controladores de nossas vidas como gostaríamos. O tempo e a vida nos mudam e isso é inevitável!

Quando recebo um paciente pela primeira vez, escuto suas queixas e questiono o que é esperado do processo terapêutico, invariavelmente escuto: "Quero que as coisas voltem a ser como eram antes."
Como se fosse possível apagar as marcas que as coisas e o tempo deixam em nós. E como se, depois dos eventos de vida que nos afetaram, pudéssemos ser os mesmos!
Trabalhar essas mudanças é um exercício.

Será que estamos prontos para receber as mudanças que estão acontecendo ao nosso redor? Será que não estamos ainda presos aos eventos passados e olhando na direção errada?
Se estivermos olhando para a pessoa que fomos antes (antes do namoro, antes do emprego, antes do casamento, antes da morte do fulano, antes...) estaremos enxergando uma outra face nossa. Face essa que já foi, que não volta mais, que se transformou no que somos hoje.

Estamos dispostos a olhar por essa perspectiva? Será que estamos prontos para causar a mudança que gostaríamos na nossa vida agora?

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Aprendendo a enxergar as pessoas


Hoje de manhã, caminhando pelas ruas da minha cidade, deparo-me com um grupo incomum e ao mesmo tempo tão familiar para mim. Eram pacientes que eu atendi durante meu estágio enquanto ainda era estudante de Psicologia. Até ai, nada de fascinante.

Chamou-me a atenção a última integrante que passou por mim. Abriu um sorriso e com um protagonismo jamais visto enquanto eu trabalhei com ela, respondeu-me "Tudo bem!".
Durante um ano e meio de trabalho junto à instituição, posso dizer que raramente vi um sorriso tão genuinamente livre e uma naturalidade tão espontânea nessa pessoa.

Ela, antes "deprimida", desacreditada, apagada e sufocada pelas paredes da instituição, parou de investir na própria vida e passou a esperar dos profissionais, uma atitude que ela já não podia tomar.

Hoje, vejo apenas uma mulher caminhando pela rua. Uma mulher que conversa, que ri, que pensa... Num momento tão curto onde nos cumprimentamos, percebi que ela tentava me dizer que as coisas tinham melhorado para ela.

Pergunto-me, melhoraram? Talvez sim, talvez não.
Importante mesmo foi poder vê-la como alguém que produz, que deseja, que sente, que vive, que existe e que quer ser vista pelos outros, como qualquer um de nós.

Às vezes olhamos para as pesoas e vemos apenas seu sofrimento, suas queixas, suas negações e projeções, sua loucura ou lucidez, sua deficiência ou suas particularidades negativas. Esquecemo-nos que esse sujeito também é produtivo e espera poder (re)tomar seu protagonismo e continuar sua trajetória.

Olhar para essa pessoa apenas como uma mulher como qualquer outra, me fez perceber que não basta acolhermos o sofrimento, servirmos de apoio, auxiliarmos na reorganização desses sujeitos, precisamos também olhá-lo.
Olhá-lo de verdade, sabendo que cada um de nós possui potencialidades que muitas vezes estão esperando o olhar do outro para revelarem-se.

E você, já olhou para a pessoa que está do teu lado? Enxergou, de verdade?